(Nonô) Mamã, sabes que a C. quer ser veterinária? E a J. quer ser bailarina.

(Mãe) Ai sim? E a X. quer ser o quê?

(Nonô) Quer ser menina-rapaz.

(Mãe) ??

(Nonô) Ela gosta de fazer as brincadeiras dos rapazes. Diz que vai ser menina-rapaz.


Interveio o Afonso, sempre com resposta pronta.


(Afonso) Mas isso não é assim, Leonor! Eu posso gostar da Violetta e não ser menino-rapariga. Cada um gosta do que quer.


A Mamã reforçou a questão. A X. podia gostar do que ela quisesse e, quando fosse grande, ter a profissão que entendesse. "Menina-rapaz" não era, seguramente, uma profissão. Com os gostos que ela tinha, poderia escolher a profissão que mais lhe agradasse (nunca é bem assim, mas pronto. Nesta fase é bom que acreditem que é possível).

E a Mamã lembrou-se de um texto que foi publicado há dias na plataforma Maria Capaz, escrito pela Rita Barata Silvério, sobre um menino (um dos seus filhos) que gostava de se vestir de princesa. Continua a não ser fácil lidar com tudo aquilo que fuja dos estereótipos que são tido como certos, "normais". Mas a verdade, verdadinha, é que a felicidade está em ser-se o que se é e gostar-se daquilo de que se gosta. Respeitando os outros. Mas respeitando-se também a si próprio.


http://mariacapaz.pt/estados-de-alma/e-se-o-teu-filho-se-quiser-vestir-de-princesa-por-rita-barata-silverio/
Um vídeo muito importante sobre a Perfeição que exigimos a nós próprios. E sobre a Perfeição que exigimos dos nossos filhos também.

Na Escola comemora-se a Semana da Solidariedade. E o Dudu andou a matutar sobre o assunto:


(Dudu) Ó mãe... há pobrezinhos que não têm casa, pois é?

(Mãe) É sim, filho. Infelizmente, é.

(Dudu) E ninguém constrói casas para eles?

(Mãe) Até há muitas casas vazias, Dudu... mas eles não têm dinheiro para as pagar... É por isso que temos de ajudar.

(Dudu) A nossa casa é grande... Não podemos levar alguns pobrezinhos para viver connosco?


Tão simples. Tão lógico.
E o mundo seria tão diferente se não deixássemos nunca de o olhar com os olhos de uma criança...
(Afonso) O quê? É possível visitar Auschwitz?! Vamos lá, Mãe!

Este é o meu filho mais "fascinado" (com todas as "" possíveis) pelo período do Holocausto. Eu também sempre fui (ainda sou). Nunca consegui compreender como foi possível ter acontecido algo tão horrendo no tempo da minha avó. Li, muito nova, "O Mundo em que vivi" e o "Diário de Anne Frank". Não consegui convencer o Afonso a ler nenhum dos livros ("São histórias de miúdas, mãe!") mas comprei-lhe "O Rapaz do Pijama às Riscas". Já viu vários filmes e documentários sobre o tema e continua, como qualquer pessoa de bom senso, a perguntar-se como terá tudo aquilo acontecido. E como continuam a acontecer tantas mortes, guerras e genocídios, num mundo globalizado onde tudo se vê e se partilha.

A libertação de Auschwitz foi há 70 anos. 70 anos depois, como está o nosso mundo?

Os adultos precisam de pensar sobre isto. Mas as crianças também. Ou não fossem ela os desejáveis construtores de um novo mundo.





A Sónia participa em missões da Nações Unidas. Conhece realidades inimagináveis, de miséria, mas também de muitos milagres.
Desta vez, o milagre tocou-lhe a ela...

Porque a Sónia é também a Mãe da Francisca. O Pai da Francisca vive do outro lado do oceano Atlântico. Nunca tinha conhecido a filha, até que o milagre (com um bom empurrãozinho das novas tecnologias) aconteceu.
Mãe e filha rumaram ao Brasil, para que Pai e Filha se abraçassem.

Uma história poderosa, num blog que ela dedica a todas as Mães Solteiras como ela...

Um abraço daqueles, querida Sónia!


http://amniotico.blogspot.pt/2014/12/o-nosso-milagre-de-natal.html?spref=fb
A história de Boa Noite de hoje era sobre Zangas. Afinal de contas, quando é que nos zangamos? E como é que nos livramos dessa zanga?



(Dudu) Eu zango-me quando tu me acordas de manhã...

(Mãe) Pois é... ficas tão zangado! E o que é que tu fazes para te passar essa zanga?


Dudu pensa.


(Dudu) Olha... uso a minha "pensaria"...


A risota foi geral... Mas uma coisa é certa: se o Dudu sabe que tem de usar o pensamento para controlar a sua zanga, fico muito menos preocupada com as suas "zangarias"

A surpresa para o Papá!

Parabéns!!! Que venham mais 41!





Saltar com 4 patas não deve ser fácil...
Mas para acompanhar os 4 amigos, a nossa Cuca faz de tudo...

E ao fim de 4 anos a tentar que ele gostasse de ler...

(Sebastião) Mãe... hoje li 21 páginas do meu livro na escola.
(Mãe) A sério? Mas foi a professora que vos mandou?
(Sebastião) Não, li nos intervalos. Estava a chover, não havia nada para fazer... E afinal ler é muito giro!

E ele que custava a ler as 3 páginas que havíamos acordado, antes de dormir, salta agora para a cama com o livro em riste, e tenho de o obrigar a parar para lhe apagar a luz.

Banana Maximus, para mim és o máximo! Puseste o meu filho a ler!!!

Nonô no regresso a casa, após o concerto noturno da Violetta. Vinha a dormitar, mas com um sorriso rasgado nos lábios:

(Mãe) Então, filhota? Gostaste?
(Nonô) Sim, muito! A Violetta não fala como nós...
(Mãe) Eu disse-te... Ela fala espanhol. Mas cantou bem? Dançou nem?
(Nonô) Simmmmmmm...
(Mãe) Então agora agora vais para a caminha e vais sonhar com ela...

Nonô aperta o pescoço da Mamã:

(Nonô) Vou antes sonhar contigo...

Depois de algumas semanas a ser preterida para a Violetta, lá resolveu sonhar comigo desta vez.
Nada como ver os ídolos ao vivo para desfazer o mito... Somos todos reais. E aqueles que nos dão um beijinho de boa noite e nos acomodam nos lençóis ao final do dia é que são os nossos verdadeiros heróis...
A Rita Ferra Rodrigues escreveu para a plataforma Maria Capaz sobre o seu carro... as migalhas, os brinquedos, os cromos, a porcaria... (ler AQUI)
E como eu a entendo!!!!!!!!

Depois de uns quantos ralhetes do Pai, que no outro dia andou no meu carro e ficou escandalizado, a Mãe resolveu finalmente pôr o carro a lavar e aspirar. Não foi só uma aspiradela caseira, não. Aquilo já precisava de uma mão profissional! Parei numa daqueles empresas de limpeza dos centros comerciais e pedi ao senhor uma limpeza profunda:

- Está muito mal?
- O lixo eu já tirei... mas continua muito mal, sim.
- Tem cães?
- Sim, mas não andam no carro.
- Então não pode estar assim tão mal...
- Pode, pode. Tenho 4 filhos. Acredite que está mesmo muito mal, senão eu não vinha aqui!

Disse-me que demorava uma hora.
Uma hora e meia depois apareci com a filharada e o senhor ainda estava, a suar, a tentar deixar-me o carro em condições.

- Este carro parece que foi à guerra, senhora!

É mais ou menos isso, a nossa guerra do dia-a-dia, a tentar fazer tudo depressa (e depressa e bem, não há quem!) e a rentabilizar o tempo. Como não aproveitar uma viagem para comer? Até porque a mala da Mãe (outro depósito de tanta coisa boa) tem sempre qualquer coisinha para matar a fome...

- Meninos, a partir de agora ninguém come no carro da mãe!

É mais ou menos assim que o pai diz, em relação ao seu carro, e funciona.
Os filhos dizem que sim, mas a mãe sabe que não vai durar nem uma semana. Daqui a um ou dois meses estou outra vez no parque subterrâneo a entregar a chave ao senhor...

- Está muito mal... Acredite que está!



(... menos de manter o carro limpo!)
Afonso deitado no sofá, de cabeça para baixo, tapado com o cobertor.

(Mãe) O que é que se passa, Afonso?
(Afonso) Estou zangado com a vida!


Motivo? 1 pilha de trabalhos de casa, 2 testes para a semana, 2 trabalhos.


(Afonso) O fim de semana devia ser para descansar. E todos os fins de semana é isto! Já não aguento mais a escola!


Esclareço que o meu filho só tem 11 anos e, no ano passado, terminou o ano com quase tudo 5. E tem a escola, literalmente, pelos cabelos!


(Mãe) Afonso, pensa que tudo aquilo que estás a aprender é útil e vai ser importante para o teu futuro...
(Afonso) A respiração dos peixes, mãe?!


A respiração dos peixes foi tão importante para o meu futuro, que eu nunca me lembro sequer de ter falado nisso na escola...


(Mãe) Afonso, tu sabes que a Mãe também acha que o ensino devia ser diferente... Se um dia a Mãe mandar, eu prometo-te que vou tentar que a escola seja uma coisa mais agradável, que vos dê mais prazer. Ou talvez um dia sejas tu a mandar, e transformes o ensino noutra coisa qualquer... Mas o que temos agora é isto. E não é assim tão mau.
(Afonso) É mau, mãe!
(Mãe) Claro que não é. Se tu te concentrares, fazes isso num instante e ficas com tempo para brincar...


Resmungou mais um bocado mas lá se convenceu. Lá se sentou à secretária. Lá despachou os trabalhos de casa (o resto fica para amanhã)...


(Afonso) Mesmo assim, mãe... acho que devíamos mandar uma carta ao governo!


Fiz-lhe uma festa na cabeça, vi-o pegar no seu livro e estender-se no sofá (sim! Ele só queria ter mais tempo para ler o seu livro, que está numa parte empolgante!). E pensei para comigo que quem vai escrever uma carta ao governo sou eu!
(Dudu) Mãe... anda cá ver. Eu já sei fazer livros... Fazer livros é fácil!


(Dudu) Esta noite vais ler o meu livro...


Quem sai aos seus...
A Mamã achou muito caro e não comprou.
Mas a Avó quis agradar e tratou de comprar.
É hoje e ela vai arrasar!
Estou a falar do quê?



Concerto da Violetta, claro!
E se estão como eu e não entendem o fenómeno da Violetta nem a loucura deste concerto, espreitem este site, que tem todas as informações necessárias para pais, avós, e restantes "envolvidos involuntários"...

http://www.portugalnews.pt/arte/manual-para-os-pais-entenderem-o-universo-da-violetta/
Titão a fazer os TPC a contragosto.
Gata trepa para cima da mesa e senta-se em cima do seu livro de Português.
Depois, alça o seu rabo comprido e coloca-o estrategicamente em cima do braço do Titão que está a escrever.


(Titão) Estás a ver, Mãe? Até a gata acha que eu não devo trabalhar mais...
Mãe e filho, no mesmo mundo que nós.



E temos tanto - temos tudo! - por fazer...
E quando a avó paterna, para comemorar o seu 70º aniversário, resolve brindar toda a família com um "Livro de Família"?
500 páginas da sua história, contada com fotografias e alguns textos, onde todos nós vamos entrando, participando e enriquecendo essa mesma história (assim como ela foi enriquecendo a nossa!)...






Há dois dias que a nossa história de boa noite é uma parte do "Livro de Família". Claro que, pelo meio, vou ouvindo uns "Eras tão nova, mãe..." e um "Ainda não tinhas rugas..." que soam menos bem, mas pronto... fazem igualmente parte da história! E a história, essa, com todas as atribulações normais de uma história, tem sido uma boa história. Oh, se tem!

Parabéns, avó Ti! E muito obrigada por este livro, pelo seu percurso e por tudo o que vai fazendo por nós. Cá estaremos para escrever consigo mais uns quantos bons capítulos.
E o Prémio Espectáculo do Mês vai para......

Tcharanranra...

O MUNDO DAS CORES!


Escrita pelo Pedro Cavaleiro, colega guionista, e encenada pela talentosa Isabel Medina, conta a história de uma menina muito especial que, com pequenos gestos, ensinando aos outros o melhor dela própria (a sua garra, a sua alegria, a sua auto-estima e respeito pela diferença alheia), vai transformando o mundo.

A sala, no Clube Estefânia - Escola de Mulheres, é muito muito acolhedora e permite aquela boa interação com o público, que os mais novos tanto gostam. O Dudu ainda subiu ao palco, para fazer cócegas a uma personagem, e a Nonô, que teve mais vergonha, quis ir espreitar o palco no final. E passou o resto do dia a cantar o "Eu sou eu e tu és tu"...

(Mãe) Percebeste bem o que a Rodolfa te ensinou? Não tens que tentar ser igual a nenhuma das tuas amigas...
(Nonô) Nem igual à Violetta?
(Mãe) A Violetta tem os seus talentos e tu tens os teus. O importante é que vás descobrindo quais são, para poderes ser tu própria. É isso que te vai fazer muito feliz.

O desafio é diário, terá os seus altos e baixos, mas conto com a inspiração da Rodolfa para ajudar os meus filhotes a ver o mundo com mais cor!

Até 15 de fevereiro! Não percam...

5 gatos à porta, a miar, a chamar pela minha Gata. Dia e noite.
É a loucura!


(Mãe) Pronto. É desta que a esterilizamos! Está decidido. Vou ligar ao veterinário.

(Afonso) E se ela já estiver grávida, mãe?

(Mãe) Ó filho... Isto só começou agora. Mesmo que engravide, é tudo muito recente.

(Afonso) Não interessa! A partir do momento em que o espermatozóide se junta ao óvulo, há ali uma vida em potência. Não vais dar cabo dessa vida...


Tenho um filho que é pela Vida. Pela Vida Humana e pela Vida Animal (ou bem que se é por tudo ou não se é por nada, também acho!). E que, lá na cabeça dele (porque ainda nunca foi um assunto que debatêssemos cá em casa) entende que existe vida a partir da fecundação.

E agora... esterilizo a gata ou não?
Nonô e Mamã olhos nos olhos:


(Nonô) Ó mãe, diz lá... tu vais morrer.

(Mãe) Não, filha!

(Nonô) Não sejas mentirosa. Tu vais morrer um dia, não vais?

(Mãe) Sim, filha. Mas é daqui a muito muito tempo!


Nonô aperta o pescoço da sua mamã.


(Nonô) Oh, mas eu não queria!

(Mãe) Não faz mal, Nonô. A mãe vai para o outro lado da vida e fica lá à tua espera.


Nonô arregala os olhos.


(Nonô) Esperas por mim?

(Mãe) Claro que sim!

(Nonô) E vamos ser as duas fantasminhas?

(Mãe) Claro! Fantasminhas brincalhonas... E vamos continuar a divertir-nos muito. Para sempre!


Novo abraço de Nonô, apertadinho. Real. E é mesmo aproveitar, muitos e bons, enquanto duram.
Mãe ouve na rádio a música "Jajão" e, inocentemente, comete a ousadia de perguntar aos seus filhotes:

(Mãe) O cantor chama-se mesmo "Jajão"?

Afonso e Sebastião entreolham-se.

(Sebastião) Estás a brincar, mãe?
(Mãe) Porquê? O senhor não se pode chamar Jajão? E a senhora é a Rainha do Jajão...
(Afonso) Mãe... tu não sabes mesmo o que quer dizer Jajão???
(Mãe) ...

A pergunta inocente da Mãe valeu-lhe uns 30 minutos de uma valente lição de novo-vocabulário-adolescente, uma mistura de termos africanos ("Bô", "Jajão") e brasileiros com outros que ninguém sabe bem como ganharam novo significado ("espiga", "que barra"), mas que está totalmente implementada entre os jovens.

E foi assim que a Mãe percebeu que a Rainha do Jajão não era, afinal, a doce Rainha do cantor... mas sim uma grandessíssima Rainha da Aldrabice!
Sempre a aprender...



Mamã a contar história de boa noite aos filhotes... e a Gata-Mia ouve a história ao pé de nós!
Filhotes a lavar os dentes... e a Gata-Mia observa-nos do canto da casa de banho!
Filhotes vão-se deitar... e a Gata-Mia acompanha o beijo de boa noite a cada um deles!

(Titão) Agora tu vais para a sala e a gata vai atrás de ti?
(Mãe) Sim. Fica a dormir no braço de sofá, ao pé de mim.
(Titão) Que engraçado... Parece que nós é que tomamos conta dela... mas se calhar é ela que toma conta de nós!
(Mãe) Eu também acho, filhote.
(Titão) É uma espécie de nosso Anjo da Guarda. Se calhar, quando ela se estica toda, até está a ajeitar as asas invisíveis...

Foi para a cama sorridente. E a mamã ficou de coração cheio... mas que coisa mais bonita de se pensar!

Mãe com 4 piolhos elétricos enfiados num gabinete minúsculo de consulta pediátrica.
Mãe parece uma barata tonta, ajudando uns a despir-se e a vestir-se, tentando que outros não mexam em nada, que outros não partam nada, que outros não gritem e outros não comecem à zaragata, respondendo à médica com os monossílabos possíveis.

- Boletim de vacinas?
- Aqui.
- Alguma queixa?
- Não.
- Dorme bem?
- Sim. E não.

Felizmente anda tudo com saúde, a consulta era de rotina, é preciso ir rever olhos e dentes, matar possíveis lombrigas e manter debaixo de olho a coluna do Afonso. E é preciso pô-los a dormir mais.

- Mas pô-los a dormir mais, como?

Com escola, atividades desportivas ou musicais, trabalhos de casa e estudo, jantar (que já é pontualmente às 20h, tipo regime militar), lavagem de dentes e história... como enfiá-los na cama antes das 21.30h?
Acordar mais tarde, de manhã, era o meu sonho. Mas os mais velhos entram às 8.25h, o nosso trajeto demora pelo menos 15/20m de carro, e é preciso pelo menos uma hora para pôr esta malta a despertar, resmungar, comer, vestir-se e lavar os dentes. Se não os despertar às 6h45m, não chegamos a horas...

No regresso vim a fazer contas de cabeça. A pensar onde podia cortar (e a pensar no que me apetecia cortar nos TPCs!) e naquilo de que não me apetecia mesmo nada abdicar (atividades desportivas, a nossa história de boa noite. Espera... era isso! A nossa história de boa noite!)

- Meninos, hoje a mãe conta a história enquanto vocês jantam!

Enquanto deglutia a minha própria comida, fui-lhes lendo a história, hoje sobre animais curiosos em vias de extinção. Entusiasmei-me... entusiasmei-os... Resultado? Demoraram o dobro do tempo a jantar! E, claro está... só estavam na cama às 21h30!

Alguém que me ajude... há por aí estratégias milagrosas para pôr os filhos a dormir mais cedo, sem deixar de fazer as coisas chatas nem abdicar das coisas boas?

Assistimos, em choque, aos mais recentes acontecimentos em Paris.
Para os gémeos, pareciam só mais umas quantas imagens horríveis das que passam todas as noites nos telejornais, de morte e violência (ao ponto que tenhamos tantas vezes de mudar de canal ou desligar a televisão, que é mesmo a forma mais saudável de fazer uma refeição em família).
Mas o Sebastião e o Afonso já quiseram saber pormenores. O que levou aqueles homens a entrar e a matar. Como é possível fazê-lo em nome de uma religião. Em nome do que quer que seja.
Já sabiam o que era o Islão (até porque no ano passado estivemos em Marrocos), o que distingue essa religião do cristianismo, e o que as aproxima. Na fé e na atitude pacífica e de respeito por quem tem religiões diferentes, depois de muitos séculos conturbados e de guerras santas, levadas a cabo por ambas as partes.
Já sabiam o que era o Estado Islâmico e a violência bárbara das suas ações, condenadas também pela comunidade islâmica. Condenadas por qualquer pessoa de bem.
Só não sabiam bem o que era a liberdade de expressão. E esta, apesar de a termos explicado e defendido, levantou-lhes dúvidas.

(Sebastião) Mas nós não podemos dizer tudo o que queremos. Se gozarmos com os professores ficamos de castigo.
(Afonso) E o Islão não proíbe as imagens de Alá e de Maomé? Então porque é que há gente que continua a fazer esses desenhos? Vocês estão sempre a dizer que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro...

Explicámos então que a liberdade de expressão existe e é um princípio básico da democracia. Limitar essa liberdade é censurar. Não é assim possível impedir que alguém diga o que quer. Mas pode-se penalizar, se essa liberdade prejudicar ou magoar alguém.
Agora, na nossa vida prática, e para evitarmos prejudicar ou magoar alguém, é sempre bom usarmos a máxima de que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Um dia, eles serão donos e senhores da sua liberdade de expressão. Poderão usá-la como quiserem, e serem penalizados se a usarem mal. Mas até lá, é nosso dever, dever de pais, ensinar-lhes o que devem e não devem dizer, de forma a não prejudicarem ninguém. Nem a deixarem-se prejudicar.

Agora, se eles um dia acharem que devem denunciar alguém ou alguma coisa (e é também esse o papel dos jornalistas), devem fazê-lo, ainda que possam depois tentar penalizá-lo, acusando-os de estarem a usar abusivamente a sua liberdade de expressão. Às vezes, os jornalistas correm riscos por isso mesmo, mas se eles o fizerem por acharem que essa denúncia é necessária e tornará o mundo num lugar melhor, será sempre, à partida, um ato de coragem.

A conversa ficou por aí. Os filhos pareceram mais satisfeitos, mas os pais estavam exaustos. Explicar este mundo e as suas regras aos mais novos (sendo que neste mundo há tantos pequenos mundos com outras regras, e tanta gente que prefere viver sem elas) nem sempre é simples. Nem sempre é linear. Até porque a nossa liberdade de expressão, de pais, também é limitada. Limitada por aquilo que achamos que faz bem (ou não) aos nossos filhos ouvir.



Mamã no carro, a seguir as indicações da Marta, nome que demos à voz do nosso GPS.


(Dudu) Ó mãe, diz lá... onde é que está essa senhora que fala...

(Mamã) Essa senhora não existe, filho. Quem está a falar connosco é uma máquina.

(Dudu) E como é que essa máquina sabe por onde nós devemos ir?

(Mamã) Está ligada a um satélite, que é outra máquina que está no céu e que vê tudo o que se passa aqui em baixo, na Terra.

(Dudu) Ah... E quem é que pôs essa máquina no céu?

(Mamã) Foram os homens, Dudu. Foram eles que a mandaram para lá.

(Dudu) Então também foram os homens que mandaram o Jesus para o céu? Ele vive lá com essas máquinas?


Ah, conceitos difíceis! Explicações impossíveis! E com filhos que querem tudo bem explicadinho, ainda pior! (ou ainda melhor, conforme a perspetiva)
E quando, naquele dia em que a máquina de lavar a loiça se nos avaria e nós, cansadas, ponderamos deixar a cozinha como está para nos estendermos um bocadinho no sofá...


... a nossa filha de 5 anos grita por nós da cozinha, corremos até lá e percebemos que ela está animadamente a lavar a loiça por nós?
(Nonô) Hoje sou eu que trato de tudo, mamã!

Esse dia, é um daqueles dias em que percebemos que a família é (entre tantas outras coisas) estarmos sempre uns pelos outros. Tantas vezes lembrando-nos daqueles que mais precisam de nós sem que eles nos peçam ajuda. São ligações que extravasam a nossa compreensão. E que nos maravilham por isso mesmo.

A seguir tive de ir lavar a loiça outra vez - digamos que ainda falta à minha filha força para esfregar os tachos e aprender uns truques para combater a gordura. Mas lavei-a com um sorriso nos lábios. E o cansaço, esse, diluiu-se na satisfação.
Obrigada, minha Noquinhas!


(Afonso) Já viste que nós nos julgamos oa animais mais inteligentes, quando só usamos 10% do nosso cérebro, enquanto os golfinhos usam 20%?

(Mãe) Pois é... A palavra "inteligência" tem tanto que se lhe diga...

(Afonso) Nós ainda nem sabemos bem como funciona a telepatia, e os golfinhos já comunicam telepaticamente...

(Mãe) Mas os golfinhos comunicam telepaticamente? Onde é que tu ouviste isso? Eu só sei que eles utilizam ondas ultrasónicas, noutras frequências, para comunicarem e se orientarem...

(Afonso) Então e a telepatia é o quê? É falar com a mente. Mas para falarmos com a mente também devemos utilizar uma frequência qualquer, ou não? Nós é que ainda não sabemos qual é...


Alguém que perceba destes assuntos, quer ajudar-me a responder ao meu filho, sff?
Obrigada!



(Afonso) Mãe, tenho uma questão...


Ui, ui! Quando ele se aproxima com aqueles olhos muito abertos a dizer que tem uma questão, começo logo a suar...

(Afonso) No filme Interestelar, por cada hora que os astronautas passavam num planeta (Miller), passavam 7 anos na terra...
(Mãe) Sim. Isso tinha a ver com a proximidade de um buraco negro, a densidade e a gravidade... acho eu!

Olhou-me com aquele seu olhar... como é que a Mãe não percebe mais destas coisas? Não é o futuro da Humanidade que está em causa? E a mãe não estuda Astrofísica porquê??


(Afonso) Mas o tempo lá passa mais devagar?
(Mãe) Não. Acho que é tudo relativo. Para os humanos que lá estavam, foi tudo muito rápido. Mas em relação aos que estavam na Terra, foi muito tempo.
(Afonso) Mas então se nós vivêssemos nesses planetas vivíamos mais?
(Mãe) Vivíamos mais, mas só relativamente às pessoas que estavam na Terra. O astronauta principal, quando foi encontrado, já tinha 120 e muitos anos. Por isso é que conheceu a filha já muito velhinha, enquanto ele tinha aspeto de 40 anos.
(Afonso) E se nós conseguíssemos que o nosso planeta tivesse as características do Miller... Vivíamos mais anos?
(Mãe) Provavelmente não... Éramos engolidos pelas suas ondas gigantescas...
(Afonso) Mas podíamos só tentar reproduzir aqui aquilo que faz com que o tempo passe mais devagar.
(Mãe) Ainda que fosse possível. Qual era a vantagem, se tu não sentirias o tempo a passar mais devagar?

Silêncio. Fuminho bom a sair da cabeça de ambos.

(Mãe) Costuma dizer-se que um ano na vida de um cão corresponde a 7 anos na vida do adulto. Mas para eles também é igual. Podemos dizer que eles são muito velhinhos, quase com 100 anos, porque já viveram 14 anos. Mas na prática, eles só viveram mesmo 14 anos.
(Afonso) Então o tempo é sempre relativo...

Einstein não diria melhor...

(Afonso) Mas o Tempo... eu sei que é relativo... mas o Tempo é "qualquer coisa", certo?
(Mãe) Talvez um conjunto de instantes de tempo.
(Afonso) E se houvesse um planeta ou uma dimensão sem esses instantes? Sem essa "qualquer coisa"? Então aí nós seríamos imortais, certo?
(Mãe) Mas será que nós, sem essa "qualquer coisa", seríamos "qualquer coisa"? Se calhar essa "qualquer coisa" é o que permite a existência. A não ser que nós, nesse tal planeta ou dimensão, também conseguíssemos existir de outra maneira...

Pareceu-lhe uma ideia interessante. E a mim também... Embora, em abono da verdade, eu não perceba é mesmo nada disto!

Entretanto, e porque alguém percebe e estuda isto todos os dias, vale a pena ler o trabalho da cosmóloga portuguesa Marina Cortês, galardoada esta semana com o Prémio Buchalter de Cosmologia. O resumo está neste artigo do Público.

“Queremos descobrir por que é que o tempo está sempre a avançar e nunca recua. É uma pergunta muito razoável. O Universo no seu conjunto evolui de uma forma que é irreversível.”
“A física é a única ciência em que todas as leis funcionam tanto para a frente como para trás, porque as nossas equações não incluem a direcção do tempo” (...) “essa é uma das razões por que é tão difícil desenvolver uma teoria da gravidade quântica” (isto é, uma teoria que descreva a gravidade em termos de física quântica) “que é o Santo Graal da física”.


PS - Entretanto, uma amiga enviou-me um link para perceber melhor as Teorias de Interestellar e a questão espaço-tempo. Obrigada, Rute! Já tenho programinha para fazer fim-de-semana com o Afonso...
Caminho para a escola, e a mãe resolveu abrir as hostes: "Hoje vamos debater os direitos das mulheres!"

(Nonô) Eu sou mulher!

(Afonso) Quais mulheres?

(Mãe) Todas, filho. Sabes que as mulheres nem sempre foram vistas como pessoas, nem sempre votaram, nem sempre puderam estudar, nem sempre tiveram liberdade...

(Sebastião) A sério, mãe?!

O Afonso já tinha alguma noção, falámos do que ainda hoje se passa em países onde a mulher é escravizada, abusada, traficada, explorada, reduzida a objeto.

(Afonso) Mas em Portugal as mulheres já têm os mesmos direitos que os homens, não já?

Lembrei-lhe então o muito que havia ainda por fazer: as 40 e tal mulheres que só no ano passado morreram vítimas de violência doméstica, a quantidade de mulheres que ainda vêm para o nosso país em redes de tráfico sexual, a quantidade de mulheres que ainda são assediadas e ouvem nas ruas os mais bárbaros "piropos" e em como isso podia afetá-las...

(Afonso) Ui, mãe, isso devia ser debatido na minha escola. Os meus colegas dizem com cada coisa uns aos outros...
(Mãe) Ora aí está, Afonso. Isso não é só um problema ligado aos direitos das mulheres. É um problema de falta de respeito pelo outro. E de falta de entendimento que a minha liberdade acaba sempre onde começa a liberdade do outro.

Depois falámos sobre as tarefas domésticas... sobre quem as faz e quem as deve fazer.

(Afonso) Mas as mulheres podem ter mais jeito para umas coisas...
(Mãe) Claro que sim. Assim como os homens podem ter mais jeito para outras. Agora, achar que um deles tem mais direito do que o outro a ficar no sofá, enquanto o outro trabalha, é injusto e uma falta de respeito pelo outro.

Confirmaram que sim. E a conversa ia ficar por ali, estávamos a chegar à escola e já tinham pensado que chegasse sobre o assunto num tão curto espaço de tempo. Mas o Afonso tinha uma reivindicação a fazer:

(Afonso) Se queres falar de direitos, tenho uma pergunta para ti: Porque é que as raparigas têm critérios diferentes de avaliação a
Educação Física, e nós, rapazes, que não temos jeitinho nenhum com as mãos, não temos critérios diferentes a Ed. Visual?

Lembrei-o que há um ou outro colega dele (rapaz) que tem muito jeito para desenhar, mas ele retorquiu que também há raparigas muito boas a desporto. Mas só nesta disciplina há critérios diferentes.

Fiquei sem resposta, por isso coloco-vos também esta pergunta a todos vocês que estão desse lado: deverá haver critérios diferentes para raparigas e rapazes em algumas disciplinas? Se sim, em quais e porquê?

Claro que esta é uma questão menor - eu até sou muito crítica em relação ao sistema de ensino atual, tão focado nas notas e na
competição - mas não deixa de ser pertinente. Alguém quer ajudar-me a pensar sobre isto?
A Lígia Pacheco, pesquisadora e conferencistas em temas educacionais, que sigo através do blog FILHOsofar, falou-me num projeto absolutamente extraordinário, que já me arrancou aqui algumas lágrimas de emoção.
Chama-se tão simplesmente Design for Change e já está presente em mais de 300 mil escolas em 34 países. A base desta ideia é muito simples: explicar às crianças que elas são capazes de operar a mudança. É pô-las a pensar no que querem transformar e dar-lhes espaço para o fazerem no contexto da sua escola.

"The challenge asks students to do four very simple things: Feel, Imagine, Do and Share. Children are dreaming up and leading brilliant ideas all over the world, from challenging age-old superstitions in rural communities, to earning their own money to finance school computers to solving the problem of heavy school bags – children are proving that they have what it takes to be able to ‘design’ a future that is desired."
http://www.dfcworld.com

AQUI encontram o que já está a ser feito em Portugal, no âmbito deste projeto.

Isto é o futuro. É esta a base da verdadeira mudança (creio eu).
E a nós, Pais, cabe-nos também Sentir com os nossos Filhos, Imaginar com eles, Fazê-lo também e Partilhá-lo com outros Pais, para que possamos transformar a semente numa grande campo de esperança.
"Berra-me Baixo" é o novo desafio da Magda Gomes Dias (Coach em Parentalidade Positiva).

Já aderi! Só não sei se vou conseguir cumprir... (mas vou tentar, meus ricos filhos. Prometo!)

http://mariacapaz.pt/cronicas/berra-baixo-por-magda-dias/

É raro irmos ao cinema. Somos muitos, os bilhetes estão caros e os mais novos ainda fazem muita confusão. Resultado: vemos filmes, sim, mas em casa. Muitos e bons. E, com jeitinho, ainda comemos umas pipocas.
Mas os gémeos estavam em Évora, a mãe andava a prometer uma ida ao cinema há meses, e lá acabei sentada com o Afonso e o Sebastião numa sala da Alvaláxia, a assistir a 3 horas de Interestelar.

Uma grande amiga já me tinha recomendado o filme: "Vai, e leva o teu filho Afonso". Não era difícil adivinhar porquê. Cenário apocalíptico, um homem que tem de salvar a Humanidade, viagens no espaço... tudo aquilo que nos dá tanto pano para mangas. Conversas que nunca mais acabam.

E a minha amiga estava certa. O filme foi longo, mas recheado de pormenores que nos proporcionaram uma valente conversa no regresso a casa. O que é afinal o Tempo? Será que os Humanos do Futuro já estão a tentar ajudar-nos? Como funcionarão as outras dimensões? Como seria a vida dos Humanos num novo planeta? O que faríamos de igual/diferente? O que precisávamos de corrigir?
O Sebastião ainda teve alguma dificuldade em entender o filme (que, com razão de ser, é para maiores de 12 anos), e claro que muitos pormenores escaparam ao Afonso (até a mim, que tenho conhecimentos tão rudimentares de Física e Física Quântica). Mas a reflexão que cada um de nós fez, dentro das suas possibilidades, foi importante e recomenda-se.
A ver! E, se os filhos foram maiores de 10, em família.

A Magda Gomes Dias (Mumstheboss), coach na Área da Parentalidade Positiva, escreveu há dias um texto para a Plataforma Maria Capaz sugerindo que os filhos (e já agora também os pais) tivessem um Caderno da Gratidão. Um caderno onde escrevessem todos os dias aquilo por que estavam mais agradecidos. (Espreitem o texto completo aqui)

Adorei a ideia e pensei em comprar 6 cadernos, mas acabei por me decidir por 1 para toda a família, onde todos pudéssemos escrever com as nossas letras, juntar, misturar, adicionar, cruzar. Um Livro de Gratidão em Família. Que resultados teria?


O nosso ano só começa dia 5 (com os gémeos de regresso da casa doa avós, tudo nas aulas, o ritmo habitual), e conto nesse dia implementar a ideia de forma mais sistemática. Mas o Sebastião tinha de treinar a escrita... e por que não treiná-la sob a forma de agradecimento?

(Mãe) Sebastião, vais escrever o que queres agradecer de tudo aquilo que viveste em 2014.


Escreveu o primeiro parágrafo:

"Eu agradeço pelas prendas que recebi, pelo meu esforço e pela minha dedicação.

(Mãe) Só agradeces por isso?
(Sebastião) Espera, ainda não acabei...

"E também pelos meus amigos, irmãos, irmã, pais, avós e a todas as outras pessoas com quem eu estive."

(Mãe) Começaste o teu texto pelas prendas. Elas são assim tão importantes para ti?
(Sebastião) Não sabes o que é que eu chamo de "prendas".
(Mãe) Pois não... Se calhar tens que me esclarecer.

E assim nasceu o último parágrafo:

"Esclareço que aquilo que eu chamo de prendas não é só brinquedos. É também carinho, amor, compaixão..."

Foi o texto possível, na pressa da brincadeira. Mas eu diria que a iniciativa promete...
Mais natureza.

Um dos meus desejos para 2015!

(Mãe) Meninos, estamos em 2015!!!

Festejo, risos, brindes, passas.

(Dudu) O que é isso, mãe?

(Mãe) 2015?

(Dudu) Sim.

(Mãe) Estamos num novo ano, filho. Os Humanos começaram, a dada altura, a contar os anos que vão passando aqui na Terra, e já vamos no 2015.

(Dudu) Mas isso quer dizer o quê?

(Mãe) Olha, filho... que temos mais um ano pela frente para sermos melhores todos os dias...


Venham eles! Com saúde, amor e alegria!

Bom 2015 para todos!